Setor Africano do Caju no Trilho do Desenvolvimento
Durante as três últimas décadas, a África se tornou um produtor bem conhecido de produtos agrícolas primários, com as castanhas de caju consistentemente classificadas como um dos produtos primários de maior importância econômica. Produzidas por mais de treze países na África desde o século 18, os anos de 1970 foram os anos de ouro para o setor africano do caju, quando a adição doméstica de valor estava em seu auge. Nesta área, o processamento de cajus alcançou mais de 200 mil TM, devido à contribuição de Moçambique, a qual era baseada em instalações de processamento gigantes, em sua maioria de propriedade de anglo-americanos. Contudo, o aumento das instabilidades políticas em todo o continente africano, bem como a imposição de políticas comerciais desfavoráveis, as quais foram adaptadas por governos locais a partir de conselhos do Banco Mundial, foram fatores decisivos para o declínio deste movimento industrial, causando grandes danos à confiança dos investidores do caju na África. Enquanto que a África continuou a aumentar a sua produção de castanhas de caju in natura, o processamento estagnou bem abaixo daquele feito por economias mais industrializadas como o Vietnã, a Índia e o Brasil. A perda de valor agregado é significativa, já que se estima que um aumento de 25% no processamento de CCN dentro da África possa gerar mais de US$ 130 milhões em renda familiar e melhorar substancialmente a vida de muitas famílias nas áreas rurais.
Nos últimos dez anos, tanto o setor público quanto o privado reconheceram o valor estratégico deste produto agrícola. Em 2004, o setor africano do caju começou a acordar de seu estado dormente e iniciou uma remontagem de seu crescimento através de empreendedores privados, bem como por meio de programas de apoio da USAID e da TechnoServe. A fundação da Aliança Africana do Caju (ACA), em 2006, foi motivada pelo desejo de mobilizar e fortalecer ainda mais os elementos-chave do caju na África através de iniciativas de doadores dos setores público e privado. Este foi de fato um momento histórico para o setor do agronegócio na África. Com a visão de ter um setor africano do caju competitivo no cenário mundial que beneficiasse toda a cadeia de valor, do produtor rural ao consumidor, a ACA procura aumentar o processamento de cajus dentro da África e melhorar a competitividade e a sustentabilidade através da facilitação da cooperação público-privada através de um ambiente de negócios melhorado. Desde a fundação da ACA, o setor africano do caju já deu passos largos significativos, tanto na produção quanto no processamento de RCN / CCN, junto com uma cadeia de valor do caju africano mobilizada e organizada.
A África Ocidental se tornou visível com uma produção de cajus aumentada, especialmente na Costa do Marfim, a qual processa atualmente mais de 700 mil TM e é a líder mundial de produção de CCN / RCN. A região aprendeu muito com Moçambique, o Quênia e a Tanzânia no aumento de sua produção de castanhas in natura e no crescimento da indústria doméstica de processamento. A Secretaria da ACA tem promovido ativamente as enormes oportunidades de investimento disponíveis a investidores locais e estrangeiros. Um aumento da visibilidade e dos investimentos resultaram em um claro aumento tanto nos volumes de produção quanto de processamento na África. Em 2016, a Aliança monitorou uma produção doméstica de cajus de 1,67 milhão de TM, com 110 mil TM de castanhas processadas e mais de 278 mil TM de capacidade total instalada. A Aliança continua a encorajar o aumento da produção e do processamento ao engajar-se diretamente junto aos elementos-chave do caju através de várias iniciativas de projetos públicos e privados, de assistência técnica e de assessoria de negócios, além de serviços de informações de mercado. Apesar da dificuldade geral em se obter CCN / RCN durante todo o ano de 2016, a importância estratégica da adição de valor dentro da África continua a ser reconhecida. Para promover o processamento, as metas para 2020 foram estabelecidas em mais de 1,6 mihão de TM de produção estável e aumento nos volumes de processamento de mais de 300 mil TM. Estas metas são compartilhadas igualmente pelos países produtores de caju, pelos investidores privados e pelas agências governamentais, bem como pelos doadores públicos.
A partir de 2014 e até a temporada de colheita de cajus mais recente, os desafios continuaram a se apresentar como um passo para trás para os investidores do caju na África. As especulações de preços, com competição externa crescente por castanhas in natura, reduziram o crescimento desta indústria nascente com a redução de 27 mil TM nos volumes processados e investimentos novos estagnados em 2016. Sendo assim, a Aliança vem aconselhando ativamente os elaboradores de leis e os implantadores de políticas na África para que desenvolvam um ambiente de negócios que leve ao crescimento, com sistemas de incentivos para o setor que sejam maduros e propícios ao desenvolvimento industrial sustentável. Esforços recentes de defesa de causa resultaram em mudanças positivas nas políticas industriais, especialmente na Costa do Marfim e na República do Benim, onde os governos introduziram planos que encorajam o processamento. Algumas destas políticas incluem janelas com períodos especiais de compras, o aumento de impostos de exportação de RCN / CCN, a isenção de impostos para a exportação de castanhas processadas, três a cinco anos de isenção temporária de impostos para os investidores e o aumento na doação de fundos e nos bônus para a exportação de castanhas processadas. A Aliança também está aconselhando os países da CEDEAO, na África Ocidental, a colaborar adicionalmente na facilitação do comércio de cajus entre as fronteiras, a fim de crescerem em conjunto como economias de grupo, para aprender uns com os outros a partir dos pontos fortes de cada um e para explorar as oportunidades de comércio que estão escondidas.
A cada ano a Aliança organiza a maior convenção do mundo sobre o caju, o Festival Mundial do Caju e Expo da ACA, a qual serve com um dos principais esforços para engajar novos investidores e inovadores tecnológicos junto a elementos-chave do caju locais na África. A Aliança convida com prazer a todos os seus membros e os elementos-chave do caju do mundo todo a participarem do nosso próximo Festival Mundial do Caju e Expo 2017”, o qual ocorrerá em Cotonu, na República do Benim, de 18 a 22 de setembro de 2017. Além disto, a Aliança continua a se engajar diretamente junto aos elementos-chave através de campanhas de conscientização do setor, de treinamentos e de programas de assessoria sobre as tendências tecnológicas, de estudos de viabilidade econômica, de serviços de informações de mercado, de assistência de segurança dos alimentos e de garantia de qualidade e também da promoção do consumo local. O aumento do desenvolvimento nos próximos anos possui o potencial de assegurar a visibilidade e o crescimento sustentável do setor africano do caju em uma escala global. A Aliança Africana do Caju continua a trabalhar arduamente para alcançar esta meta maior e para construir a estabilidade econômica em longo prazo dentro da África.